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Como santa Zélia, a mãe de santa Teresinha, pode inspirar as mães da atualidade

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Ser mãe, neste século, não é muito diferente do que era no passado. Claro que hoje a tecnologia tem sido um aliado para muitas mães ajudando nos cuidados com a casa e com os filhos, além disso, hoje há muito mais informação e conhecimento do que antigamente. Mas, nada como a sabedoria de quem já passou por muita coisa na vida para nos inspirar.

Pensando nisso, buscamos em santa Zélia, a mãe de santa Teresinha do Menino Jesus, o que há de especial em sua vida como cristã e, de modo especial, na sua maternidade. Descobrimos que santa Zélia é uma inspiração para as mães da atualidade. Por quê?

Zélia era católica, devota e aspirava a santidade acima de qualquer outra coisa

Como muitos de nós, Zélia teve uma vida difícil, especialmente na infância. Veio de uma família católica muito pobre. Sua saúde era frágil, sofria com intensas dores de cabeça. “A minha infância foi um sudário”, descreveu em uma de suas cartas – unindo seu sofrimento aos sofrimentos de Cristo.

Desde pequena, Zélia aspirava a santidade, queria muito ser uma religiosa. Desejava intensamente se doar para Deus. Ela chegou a se apresentar num convento, porém foi rejeitada. Por quê? Simplesmente, reconheceu ela, porque esse não era o desejo de Deus. Seu caminho para a santidade era o matrimônio. Sua vocação era verdadeiramente a maternidade, ela mesma escreveu isso numa de suas cartas.

Zélia era disposta, trabalhadora e ouvia a voz de Deus

Nascida no ano de 1831, Zélia foi uma mulher à frente do seu tempo. Hoje muito se fala em empoderamento feminino – conhecendo um pouco da vida desta mulher percebemos que ela viveu isso.

Na sua juventude, aos 20 anos, buscando em Deus uma inspiração sobre um trabalho que lhe ajudasse a melhorar sua situação tão pobre, ela ouve a voz de Deus que lhe diz claramente: “Faça rendas”.

Disposta e confiando naquela voz interior, Zélia vai aprender o ofício de tecer rendas e se torna uma profissional exemplar nesta arte. Não demorou para que suas rendas se tornassem um sucesso. Começou a vendê-las para a alta sociedade de Paris.

Logo depois que se casou com Luis Martin, também santo, Zélia abriu sua própria empresa. Ela contratou mulheres e as ensinou a fazer rendas. Começou a produzir uma quantidade maior de peças e assim a vender cada vez mais. Os funcionários da empresa de rendas testemunharam o carinho e o cuidado que lhe eram dedicados por santa Zélia.

Logo, o seu marido, que tinha uma relojoaria, percebendo que a empresa de sua esposa era mais próspera que a sua, decidiu trabalhar com ela, cuidando das vendas. E eles prosperaram cada vez mais. A quê eles atribuíram isso? À fidelidade que tinham com Deus.

As rendas que Zélia produzia são atualmente conhecidas como “Rendas de Alençon” – a cidade onde ela viveu com sua família – e são utilizadas na confecção de vestidos de noivas.

Zélia permitiu que Deus tocasse sua maternidade e a ajudasse a superar todos os desafios vividos com paciência e humildade

Zélia teve 9 filhos (2 eram meninos). Porém, 4 deles faleceram precocemente (2 meninas e 2 meninos). Para ela, assim como para seu esposo, foi muito difícil lidar com a perda das crianças, mas sua fé lhe permitiu crer que seus filhos estavam melhor com Deus. Apesar da tristeza que tomava conta de seu coração, ela afirmou sentir felicidade por ter filhos no céu, pois, segundo anotou numa carta, “Deus me mostrou de forma notável que Ele aceita meu sacrifício”.

Contudo, especialmente a morte da menina Helena  – que faleceu aos 5 anos nos seus braços – causou-lhe uma dor indizível que a atormentou por dias. Por ter um pouco mais de idade entre os que já haviam falecido anteriormente, Zélia preocupou-se se a menina deveria ter-se confessado. “Será que já tinha entendimento das coisas da vida? Será que já cometia pecados? Será que ela padece no purgatório?” – pensava aquela mãe. E isso a perturbou por muitos dias até que mais uma vez Zélia ouviu a voz de Deus que lhe dizia: “Ela está comigo no céu”.

Contudo, a santa precisou munir-se com muita paciência na criação dos filhos. Nem tanto por questões de educação e de comportamento das meninas, mas porque ela descobriu, logo após ter seu terceiro bebê, que tinha um tumor no seio. Seus quatro últimos filhos foram gerados durante a doença com a qual ela conviveu por 11 anos até que Deus a chamou para junto de si. 

Zélia formou uma família santa

A doença não impediu santa Zélia de cuidar de sua família com rigor. Não a impediu de ter uma rotina cansativa, pois com valentia cuidou da sua empresa, dos seus funcionários e da sua família sem descuidar da sua espiritualidade e da espiritualidade dos seus filhos e marido.

Piedosa como desde a infância, Zélia dedicava o domingo exclusivamente para o Senhor. Com sua família participava de 3 celebrações todo domingo: a primeira para se preparar para a santa comunhão; a segunda para comungar; e a terceira em ação de graças. Além disso, à tarde participavam da adoração ao Santíssimo Sacramento e ainda faziam visitas aos pobres. E isso não é tudo. A família Martin não poupou tempo para Deus em nenhum de seus dias. A oração em família era diária, assim como a santa Missa.  E foi assim que Zélia formou sua santa família.

Testemunhou isso sua filha, santa Teresinha. Ao redigir uma carta endereçada a um seminarista, Teresinha, que conviveu com a mãe até os seus 5 anos de idade, escreveu que Deus havia lhe presenteado com um pai e uma mãe “mais dignos do céu do que da terra”. Mesmo sendo tão pequenina, Teresinha soube respirar a intensa santidade de sua família.

Zélia tinha uma compreensão muito particular sobre a sacralidade da maternidade graças a um sacerdote com quem certa vez se confessou logo que se casou. Ela acreditava que os filhos são para povoar o céu. “Para mim, os nossos filhos foram uma grande alegria, então eu queria ter um monte deles, a fim de criá-los para o céu” (Carta 192). E assim ela os criou. Além de santa Teresinha, as outras 4 meninas que sobrevieram também se tornaram religiosas.

As virtudes de santa Zélia podem servir hoje a tantas mães como um exemplo no cuidado com o seu lar e a sua família. Apesar dos problemas, da doença, da guerra que se deflagrou em seu país, Zélia não se deixou abater. Pelo contrário, suas cartas revelam que ela buscou aprofundar sua espiritualidade e que sabia viver a vida com muita alegria.

Santa Zélia, rogai por nós e por todas as mães que assim como vós, buscam servir a Deus e santificar sua família!

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